Músicas

Grave da Mata

O “Grave Da Mata” (2018), primeiro disco de FurmigaDub, é a consolidação de um trabalho sólido de pesquisa cujo resultado é um som único e inovador. O “grave” se refere ao “bass” e a bass music do Brasil, que é bem diferente daquela produzida em outros lugares. O termo “grave brasileiro” é usado por FurmigaDub para definir sua produção, que mistura as batidas e notas graves da música eletrônica com ritmos brasileiros, como o maracatu, coco de roda, xaxado, xote e outros, seguindo os passos de outros adeptos da fusão da música eletrônica com regionalismos, como DJ Dolores, Chico Correa, Maga Bo, Marcelinho da Lua e BID. Com a “mata”, FurmigaDub busca ressaltar a importância das culturas afro e indígena na formação da nossa cultura nacional. “A cultura brasileira nasceu na mata e até hoje muitas das nossas referências são tropicais”, diz.

O álbum “Grave Da Mata” busca valorizar nossas origens e apontar para um futuro que dialogue com essas ancestralidades ao misturar ritmos tradicionais com a música eletrônica. Por outro lado, os temas explorados refletem a vivência no centro da capital paulistana, lugar que o músico escolheu para morar assim que chegou em São Paulo, há dois anos. Morando no prédio do Estúdio Lâmina, espaço localizado no Vale do Anhangabaú que recebe artistas das mais diversas linguagens, FurmigaDub viu sua rotina mudar completamente. Os dias ensolarados e praianos de João Pessoa foram trocados por uma vida noturna agitada e grande interação com grupos e manifestações culturais diversas. Essas trocas influenciaram tanto na sonoridade quanto na escolha dos artistas que colaboraram em suas produções mais recentes. Entre os nomes que fazem parte desse registro, estão Totonho, Laylah Arruda, Mis Ivy, Ingrid Sotero, Aghata Saan e ÀTTØØXXÁ.

Trabalhando com o conceito de riddim, método de produção musical jamaicano, FurmigaDub criou as bases instrumentais das canções e convidou artistas para fazerem as letras em cima. FurmigaDub e Totonho, músico paraibano reconhecido nacionalmente, já eram parceiros de longa data. Mis Ivy e Rafa Dias do ÀTTØØXXÁ se tornaram amigos em viagens pelo Brasil, enquanto Laylah Arruda, Ingrid Sotero e Aghata Saan foram descobertas em shows pela capital paulistana. A forte presença feminina é um dos pontos altos do disco. Além de emprestarem a potência de suas vozes, as cantoras também fortalecem as músicas trazendo suas visões de mundo para um universo extremamente masculino. O disco foi concebido, gravado, mixado e masterizado no Lajedo Estúdio e a arte da capa ficou por conta de Raunny Souza e Thiago Verde, com intervenções poéticas de Ikaro Maxx.